Sou racional
Sou fatalista
Sou resiliente
Sou equilibrada
Mas neste momento não quero ser nada disso
Pois também
Sou emotiva
Sou sensível
Sou amorosa
E o que quero e preciso agora é ser só emoção
Quero apenas sentir
Sentir a dor que vem do amor
Não que o amor provoque dor, neste caso, a dor brota pela ausência do ente amado.
Ela vem quando o vento da finitude começa a soprar sobre quem amamos, e vai tomando forças virando um forte vendaval, para assim tirá-lo do nosso convívio e levá-lo para sempre para um plano inalcançável para nós enquanto somos carne e osso.
Quando você quer fugir da realidade iminente, porém vem flashes de pensamentos de uma vida inteira, e você afasta essas lembranças tentando evitar o sofrimento, é assim que se forma um nó na garganta. E cada vez que os pensamentos voltam insistentes e você persiste afastando-os, o nó cria mais volume e resistência.
Eu não quero ouvir "Não fique pensando! Não chore!"
Se eu afastar os pensamentos para evitar o choro, no lugar dele se formará um nó na minha garganta, e nela ficará preso, me asfixiando. E para não me asfixiar devo engoli-lo.
Se alguém quiser falar algo, que seja "Chore! Deixe suas lágrimas lavarem essa tristeza angustiante que está provocando um vazio cruel dentro de você. Chore! Pior será engolir o choro e ir empurrando o nó da garganta até suas entranhas deixando-as terrivelmente emaranhadas, dificultando por anos que o nó seja desfeito".
Por isso resolvi permitir que esses pensamentos venham. Venham e demorem o tempo necessário. Resolvi dar as mãos, a direita agarrada aos pensamentos, deixarei que me levem a percorrer o passado, do mais recente ao mais remoto, permitirei até que me façam chorar de saudade, mas numa condição, enquanto a mão direita estiver sendo a ponte que leva recordações para o meu cérebro, darei minha mão esquerda para a gratidão, e essa mão será a ponte que condizirá a gratidão ao meu coração.
BeatrizNapoleão
Nenhum comentário:
Postar um comentário