Naquele instante vivenciei um acontecimento semelhante ao que
ocorreu por volta dos meus 11 anos. Um dia ao ir para a aula, pouco antes das 7h da manhã, a rua deserta, a dois quarteirões do colégio, avistei um cachorro do porte de um pastor alemão que se encontrava na calçada a qual eu transitava. Passei por ele quase sem respirar na tentativa de não ser percebida, mas, senti que estava sendo seguida. Atravessei a rua passando para o outro quarteirão do lado que ficava a parte detrás do Colégio Batista, ainda teria que andar mais 100m e
dobrar a direita para chegar ao portão de entrada. Tinha conhecimento que era
pior correr, pois isso instiga um animal a atacar, então optei
por passos pouco apressados, mas, firmes, procurando disfarçar o medo. Meu
coração acelerando mais que meu caminhar ao escutar o cachorro com suas
passadas na mesma cadência que as minhas e a respiração ofegante, que soava aos meus ouvidos em tom sussurrantemente assustador como: - Vou te pegar! Vou te pegar! Vou te pegar! Eu visualizava aquela língua de fora entre as arcadas brancas, aproximando-se de mim, mais e
mais! Até que num breve momento senti a pontada de uns dentes em meu tornozelo. Parei
repentinamente tesa, e gritei! Dei graças a Deus a rua estar deserta, pois, ao
olhar para trás vi que, o cachorro nem por um momento havia me seguido, continuara seu
percurso na calçada oposta, quase sumindo de vista.
O que o medo é capaz de criar! Lutei contra esse tipo de medo até conseguir superá-lo. Por sorte no final da adolescência já tinha adquirido segurança, não permitindo que nenhuma insegurança me dominasse.
O que o medo é capaz de criar! Lutei contra esse tipo de medo até conseguir superá-lo. Por sorte no final da adolescência já tinha adquirido segurança, não permitindo que nenhuma insegurança me dominasse.
Nesta tarde, ao passar pela mesma calçada – novamente a
rua deserta, apesar de não haver mais espaço para nenhum carro estacionar –, não era mais o cachorro que me seguia, e sim, uma moto. Ouvia
aquele som crescendo forte e rapidamente. - E se a moto parar ao meu lado? Então lembrei o que vivenciei na infância, e do que ocorreu no final do ano passado, próximo à minha casa fui assaltada à mão armada por dois homens numa moto, um permaneceu ao volante, e o que desceu "pediu delicadamente" meu celular: - Se não quiser levar um tiro na cabeça passa o celular! Com aquela voz de quem não tem tempo a perder.
Hoje vi-me novamente entregue a imaginação negativa, controlada pela força do medo de quem já esteve vulnerável. Então, resolvi enfrentar a situação, olhei determinada para trás, porém desta vez a moto passou sem sequer perceber minha presença.
Hoje vi-me novamente entregue a imaginação negativa, controlada pela força do medo de quem já esteve vulnerável. Então, resolvi enfrentar a situação, olhei determinada para trás, porém desta vez a moto passou sem sequer perceber minha presença.
Infelizmente, já não sou tão segura quanto na adolescência, o barulho de motor em duas rodas me deixa mais insegura
que latidos em quatro patas.
BeatrizNapoleão (16/05/11)
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