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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Visita Inoportuna

Hoje recebi uma visita que chegou sem convite.
Pior é que veio sem comunicado prévio, nem bateu na porta e foi logo entrando, pegando-me de surpresa. Devido esta atitude insolente não a recebi com simpatia, senti que ela não era bem-vinda - mesmo que, em outras ocasiões eu a tenha convidado e ela tenha me dado uma alegria oscilante.
Quando nos defrontamos já ali dentro, olhei para ela e disse: - Quem é você para chegar assim, achando que tem o direito de invadir a minha casa, como e quando quer?
Mas ela me ignorou.
Entrou sem nenhum constrangimento, sentindo-se tão íntima que, sem minha autorização foi para o compartimento de cima - ele é ambiguamente vasto e como um labirinto - e vasculhou uma das minhas gavetas, dando preferência a uma das que raramente abro.
Não importa se vez por outra permito sua presença quando estou a mexer nos armários, e compartilho seus conteúdos deixando que ela os manipule. Hoje isto não estava nos meus planos. E ainda mais, quando a chamo em outras ocasiões é porque preciso de sua ajuda devido não conseguir manter algumas gavetas fechadas. Algumas delas são temperamentais, quanto mais tempo tento deixá-las trancadas, mais elas se remexem e transbordam. Há momentos que elas têm vontade própria, sem minha interferência abrem e deixam a mostra o que existe ali. Mas, estando desencucada, sozinha ou acompanhada vou até lá, dou uma olhada e guardo tudo, sem nenhuma consequência negativa.
Hoje, não!
Esta outra chegou e fez a bagunça. Depois de deixar tudo a mostra, saiu do compartimento de cima e foi para o do meio - eles são interligados, o que acontece em cima reflete no centro -, e começou a arranhar suas paredes, e a tirar uns pedaços.
Senti uma dor!
Enfraquecida, resolvi suplicar: - Por favor, Saudade, vá embora!
Beatriz Napoleão 

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