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O que será que me dá
Que me bole por
dentro, será que me dá
Que brota à flor da
pele, será que me dá
E que me sobe às
faces e me faz corar
E que me salta aos
olhos a me atraiçoar
E que me aperta o
peito e me faz confessar
O que não tem mais
jeito de dissimular
E que nem é direito
ninguém recusar
E que me faz
mendigo, me faz suplicar
O que não tem
medida, nem nunca terá
O que não tem
remédio, nem nunca terá
O que não tem
receita
O que será que será
Que dá dentro da
gente e que não devia
Que desacata a
gente, que é revelia
Que é feito uma
aguardente que não sacia
Que é feito estar
doente de uma folia
Que nem dez
mandamentos vão conciliar
Nem todos os
ungüentos vão aliviar
Nem todos os
quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os
santos, será que será
O que não tem
descanso, nem nunca terá
O que não tem
cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por
dentro, será que me dá
Que me perturba o
sono, será que me dá
Que todos os
tremores me vêm agitar
Que todos os ardores
me vêm atiçar
Que todos os suores
me vêm encharcar
Que todos os meus
nervos estão a rogar
Que todos os meus
órgãos estão a clamar
E uma aflição
medonha me faz implorar
O que não tem
vergonha, nem nunca terá
O que não tem
governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
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