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sábado, 17 de dezembro de 2011

Sérgio Britto

Não importa se ele era branco ou preto; carioca ou cearense; brasileiro ou iraquiano; homossexual ou heterossexual; sarcástico ou ponderado; homem ou mulher. O que me deixa com pesar é saber que houve uma subtração naqueles que fazem a diferença.
Não teremos mais sua excelente atuação e direção no palco (mais de 90 peças), no cinema (16 filmes) e televisão (mais de 25 entre novelas e minisséries). Seu maravilhoso programa "Arte Com Sérgio Britto" - como o próprio nome diz, falava de arte, mas também literatura -, o qual eu adorava assistir, agora só em reprise.
Sérgio Britto fará falta! Pelo menos àqueles que o acompanharam de alguma forma. Mas, ninguém é eterno, e ele estava com 88 anos (bem vividos). Seu coração não foi tão forte quanto seu ser. Um homem cheio de vida, mesmo numa idade em que muitos parecem não ver mais graça nela. Ele continuava trabalhando, nos informando e distraindo com qualidade. Foi diretor e roteirista. Criador do Grande Teatro Tupi - dirigindo mais de 450 peças dos maiores autores nacionais e estrangeiros, com um elenco de peso, nesse: Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Natália Thimberg, Manoel Carlos, Fernando Torres, Zilka Salaberry, Cláudio Cavalcante, incluindo o próprio -, que permaneceu no ar por mais de 10 anos. Diretor da primeira telenovela produzida e exibida pela TV Globo, "Ilusões Perdidas".
Contudo, sua consagração foi mesmo no teatro. Cursou até o sexto ano de medicina, mas, ao participar do teatro universitário amador percebeu qual era sua verdadeira paixão. Sua primeira atuação profissional foi aos 30 anos, no Teatro de Arena, em "Esta Noite é Nossa", de Stafford Dickens.
É considerado um dos maiores nomes do teatro no Brasil e recebeu, durante sua carreira, os mais importantes prêmios de atuação e direção teatral. Ganhou três prêmios por suas direções em "Os Veranista", de Gorki; "Papa Highirte", de Vianinha, e "Rei Lear", de Shakespear - por ela recebeu o Prêmio Molière Especial. Dirigiu algumas óperas, dentre elas "A Traviata" e "O Guarani".
Em 2010 a editora Tinta Negra lançou sua biografia "O teatro e eu", escrita por Luiz Felipe Reis.
Uma parte da arte brasileira fica órfã. E eu sinto uma grande tristeza neste momento. Mas agradecida por sua existência e sua dedicação à vida artística, que tanto nos atribuiu.
"Ele é um dínamo, um animador cultural, um fazedor de cabeças. E sua casa reflete isso. A casa de Sérgio é um clube. E eu sou sócia desse clube há mais de 50 anos." (Fernanda Montenegro)
"Sérgio Brito foi a maior vocação do teatro brasileiro. Há pessoas que têm talento, mas não tem a paixão, o amor, a presença definitiva dele com relação ao teatro. Ele deixa uma obra impressionante. Um dos maiores atores dos últimos tempos"
"Nesta fase da vida do Sérgio, sua falta será exatamente na transmissão do ensinamento [sobre o teatro]. Essa era uma função poderosíssima desse grande mestre. Ele remodelava o teatro a cada instante" (Juca de Oliveira - Ator e diretor)
"O Brasil perdeu um grande homem. Nunca conheci ninguém que se dedicasse e amasse tanto o teatro quanto Sérgio Britto" (Walmor Chagas - Ator)
"Morreu hoje o atro e diretor Sérgio Britto. O teatro, o cinema e a televisão agradecem seu talento" (Serginho Groisman)
"Morre um dos maiores atores da história da dramaturgia brasileira. Culto, elegante, sarcástico, explorou todos os canais de comunicação para a sua arte. Entretanto, no teatro foi o maior. Decretarei luto por 3 dias à memória desse grande brasileiro" (Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro).
Beatriz Napoleão 

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